quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

BCP abaixo dos 10 cêntimos há mais de um ano!

Há mais de um ano que o BCP cota abaixo dos 10 cêntimos. São precisas umas quantas acções do BCP para pagar um café. Que miséria. É dificil compreender esta paixão que muitos portugueses sentem pelo título. Muitos têm sido dizimados como o próprio banco mas as paixões são mesmo assim: inexplicáveis.

Do ponto de vista técnico, no gráfico semanal observamos uma tendência descendente clara e intacta sem sinais de inversão. Só acima dos 0.14 se poderia pensar que o título se tornaria ascendente neste horizonte temporal. Abaixo dos 0.027 euros, o BCP faz novos mínimos e é a descida ao inferno se não for ainda antes de atingir essa zona.



No gráfico diário, a miséria continua. A resistência a vencer está nos 0.065. Só acima disso poderia tornar-se interessante comprar assumindo o risco de que a tendência no gráfico semanal é ainda descendente. O risco seria grande mesmo acima de 0.065. Tambén neste caso, não vejo sinais que poderiam antecipar uma alteração da tendência de fundo.


Do ponto de vista técnico, não tenho muito mais a acrescentar. É um título para qual a minha recomendação é a de não fazer nada. Nem comprar, nem vender. Há acções muito mais interessantes para negociar. O BCP é um título à beira do colapso financeiro como mostram os gráficos.

O problema da banca em Portugal foi a dimensão que atingiu num pais pouco competitivo. Os modelos de negócios dos grandes bancos em Portugal eram relativamente similares pelo menos em território nacional. A competição entre estes bancos foi rude e os clientes relativamente pouco interessantes para a dimensão do que foi criado. O resultado é que agora sofrem todos e para ajudar o país não será capaz de sustentar uma banca colossal.

A minha opinião sobre o BCP é que ou consegue uma fusâo com algum outro banco ou será "salvo" por uma OPA. Se isto não acontecer e tendo em conta o meio em que está inserido está condenado a definhar anos e anos se entretanto não tiver falido.

Isto seria o que aconteceria num mercado LIVRE. Resta saber quais serão as decisões políticas tomadas nesta situação caso o banco se torne insolvente.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

O BANIF e o apoio forçado do contribuinte

A resolução encontrada para o Banif impõe perdas importantes para os contribuintes. Não é claro o porquê desta decisão que é exlusivamente política. Os políticos dizem que era a melhor solução mas não explicam claramente quais eram as outras alternativas e quais os custos dessas outras alternativas. Assim, ficamos com a opinião dos políticos de PS e PSD de que esta é a melhor solução mas sem dados concretos para tirarmos conclusões. Tenho vontade de perguntar: esta é a melhor solução para quem? Para o banco? Para os empregados do banco? Para o Santander? É certamente a melhor solução para alguém mas a pior para outros. Tudo é relativo...

Esta decisão é injusta por várias razões. Desde logo, o detentor de uma conta no banco não é prejudicado a não ser que pague impostos em Portugal. É claramente beneficiado em relação ao contribuinte. Em segundo lugar, empresas abrem falência todos os dias em Portugal e no resto do mundo. a maior parte delas não são ajudadas pelo Estado. São então milhares de empresas que não beneficiam tanto quanto o Banif beneficia.

O que fica patente neste caso é que quanto maior intervenção do Estado na economia, maior arbitrariedade nas decisões e, na maior parte dos casos, maiores custos para o contribuinte ficando sempre a dúvida das ligações obscuras entre figuras do Estado e o sector privado. E como habitualmente em Portugal deverá haver uma comissão de inquérito que vai gastar mais uma rima de dinheiro ao contribuinte para no fim emitir um parecer que apontará o dedo a este e àquele mas sem consequências para ninguém. Para quê então fazer essas comissões de inquérito?

A minha opinião sobre o BANIF é a seguinte. O Estado português nunca devia ter enterrado dinheiro no banco. Era um banco pequeno com pouco impacto na economia, A solução escolhida sai cara ao país. Os detentores de divida do Banif, obrigacionistas, accionistas e detentores de depósitos superiores a 100 000 euros deviam ser chamados a participar na resolução assumindo perdas inerentes à sua actividade. Deveriam ser estes a assumir as perdas e não o contribuinte. É o risco de mercado e só assumindo esses riscos poderemos ter uma sociedade mais justa, responsável, que premeia o mérito e que penaliza o risco quando este foi mal avaliado. O contribuinte que não correu riscos é o principal prejudicado pois não utilizou serviços do banco nem tentou obter rendimentos através dele e agora vai pagar pelos riscos que outros correram. Tremenda injustiça!

Costumo dizer que um negócio é bom quando o risco que se corre é claramente inferior aos ganhos potenciais. O contribuinte não pretendia obter mais valias, lucro ou qualquer outra coisa mas acaba por assumir e pagar caro pelos riscos de outros e alguns dos que correram riscos (nomeadamente depositantes do Banif) não terão perdas. É caso para dizer que o risco zero não existe mesmo quando pensamos estar em porto seguro...

Já agora, qual será o próximo banco a ter problemas sérios? Provavelmente o Montepio e numa escala muito maior o BCP sobre o qual farei possivelmente uma análise ainda este ano.

Boas festas para todos e não gastem muito em prendas. Não se sabe que outras surpresas os nossos políticos nos reservam. Em todo o caso, podemos estar seguros que tomarão a "melhor solução". Talvez não para o contribuinte, mas certamente a melhor decisão para alguém...

sábado, 19 de dezembro de 2015

Crescimento económico e liquidez

A minha expectativa a médio longo prazo é a seguinte: enquanto houver liquidez está tudo artificialmente bem. Quando esta diminuir ou acabar a economia ajustar-se-á à realidade..

Nos anos 90 e no inicio do século a economia resceu com as novas tecnoloogias. Depois disso, foi a liquidez que permitiu o crescimento económico a nivel mundial. Inicialmente sob a forma de divida e nestes últimos anos com os diversos QE "inventados" pelos bancos centrais. Agora, com o fim do QE nos EUA e o respectivo aumento das taxas de juro as coisas começam a mudar.

Há bons sinais nos EUA mas não esqueçamos que isso foi possivel graças à liquidez fornecida pela FED e graças às baixas taxas de juro. Agora, vamos ver o que vai acontecer à economia com esta normalização da politica monetária nos EUA.