segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

A evolução do PIB na zona Euro

O gráfico mostra tudo...



A estratégia para o crescimento não tem sido a melhor há muitos anos. Na cauda da europa...

sábado, 24 de dezembro de 2016

Evolução do DAX, IBEX & PSI

Fica aqui a evolução de 3 mercados europeus, o DAX, o IBEX e o PSI. A 5 anos...


o mercado alemão à frente do mercado espanhol e do português.

A 1 ano...


verifica-se que a partir de meados do ano, as diferenças acentuaram-se.

Pode deduzir-se que o mercado alemão no longo e médio prazo é muito mais interessante do que o espanhol e o português.

Por enquanto, Portugal não atrai investidores apesar de tudo parecer bem quando se ouvem as notícias. Já quando se olham para números, a coisa muda muito.

Boas festas a todos...

quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

O BCP fez novo mínimo histórico!

O BCP fechou hoje a 1.09 euros!





Constitui um novo mínimo histórico em fecho. Tudo permanece miserável neste banco. Como já tinha escrito neste artigo, as soluções são urgentes. Os políticos em Portugal estão mais preocupados com o seu futuro político e com o futuro da CGD querendo manter um banco público custe o que custar, pois isso permite-lhes manter mais facilmente o controlo da banca.

Os políticos na Europa não querem também mexer nisto. Bastam já os problemas com a banca italiana e as eleições em França e na Alemanha, ambas em 2017.

Associado a isto, a intervenção massiva do BCE mantém alguma serenidade antes da tempestade. Este conjunto de fatores fazem com que não se queira mexer mais em problemas da banca europeia a menos que seja inevitável. Enquanto isso, o BCP vai morrendo aos poucos.

quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Acima de 4%, o peso da dívida é brutal

Há cerca de 2 semanas que as taxas de juro a 10 anos da República Portuguesa estão acima dos 3.5%. Se continuar acima desses 3.5%, a situação está no limite. Acima dos 4% de maneira duradoura e começarão os verdadeiros problemas para Portugal dado o peso da dívida no crescimento.



Por enquanto, nem os agentes políticos portugueses, nem os políticos europeus nem o povo português querem falar do assunto. O muro está mesmo à frente e toda a gente faz de conta que não o vê. Arranja toda a gente. A realidade virá ao de cima. É só uma questão de tempo...


terça-feira, 15 de novembro de 2016

O Pib subiu 1.6% em termos homólogos

Boas noticias surgiram hoje. As estimativas rápidas do PIB para o terceiro trimestre revelam um crescimento de 1.6% em termos homólogos. Ficamos a saber que provavelmente, o crescimento do ano se encontrará algures acima do crescimento de 2014 mas abaixo do de 2015. Só com estes dados é dificil perceber qual é a tendência de longo prazo.


O que se verifica é uma grande volatilidade nas taxas de crescimento. Ora, positivo, ora negativo sendo que os crescimentos negativos são mais curtos e violentos que os períodos de crescimento positivos.

Resumo: verifica-se que o crescimento em Portugal é anémico há vários anos. Provavelmente, continuará assim enquanto não houver uma política clara durante um horizonte temporal significativo. Falta uma estratégia global e uma visão de longo prazo. A clivagem de políticas é agora mais significativa entre os 2 principais partidos em Portugal pelo que esse programa de longo prazo é ainda menos provável que nos anos anteriores.

E entretanto a bolha da dívida pública continua... até explodir

sábado, 5 de novembro de 2016

BCP com queda superior a 60% desde o início do ano

O BCP caiu cerca de 65% desde o início do ano. A acção continua a perder valor e o fim dessa queda ainda não parece à vista. A banca portuguesa precisa de ser recapitalizada de forma sistémica e sofre de graves problemas. O mal parado na banca é colossal.

O gráfico semanal é assustador e mostra bem a perda de valor do banco


O gráfico diário é menos assustador mas mostra que a tendência continua descendente e que as perspectivas para o banco são más.


Do ponto de vista técnico, é provável uma visita a mínimos. Pelo menos é o que espero. Se faremos mínimos mais baixos, o futuro o dirá. Veremos que soluções serão tomadas sobre o BCP mas certamente este será dependente de outras entidades, públicas ou privadas. Aumento de capital, OPA, ajuda estatal ou limpeza de mal parado são algumas alternativas de que se fala há algum tempo.

Veremos que futuro nos reserva este banco. Por enquanto não há razões para esperar um final feliz..

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Evolução da dívida pública sem surpresas

A dívida pública portuguesa evoluiu durante o ano de 2016 de forma estável. Nos últimos anos a dívida pública tem aumentado em média de 10 a 12 mil milhões de euros. Este ano não foi excepção. Desde o início do ano e até setembro, a dívida pública aumentou em 9448 milhões de euros.




Enquanto isso, o crescimento do PIB deverá crescer cerca de 1%, crescimento este muito inferior ao do crescimento da dívida. Isto também ocorre conforme esperado.

Tudo na mesma, portanto. A bolha da dívida vai crescendo e ninguém se preocupará com isso enquanto o BCE mantiver a política atual. Quando esta mudar, chegará a hora de passar à caixa e pagar os juros dessa bolha.

Que a festa continue...

domingo, 23 de outubro de 2016

O peso da dívida no crescimento

Fazendo cálculos rápidos sobre o crescimento e a evolução do défice constata-se o seguinte:

1) o défice público raramente tem sido inferior a 5 mil milhões desde o ano 2000 como mostra a tabela seguinte


2) o crescimento do PIB em termos nominais raramente tem excedido os 6 mil milhões. Ainda por cima, o crescimento tem sido negativo nalguns anos como mostra a tabela


Se estimarmos o défice público para os próximos anos em 6 mil milhôes (a média dos anos anteriores ficou bem acima disso) seria necessário Portugal crescer sensivelmente 3% ao ano para fazer face ao défice para não aumentar o peso da dívida (estimando uma taxa de juro próxima dos zero).

Como os 3% de crescimento são altamente improváveis, resta controlar o défice para não aumentar o peso da divida para os próximos anos.

Pouco provável, portanto, que a percentagem de dívida em relação ao PIB não aumente nos próximos anos. Caminhamos alegremente para os 150% de dívida em relação ao PIB. Um fardo demasiado pesado para o crescimento.

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

A luta dos taxistas, a educação e a saúde...

Qual a semelhança entre os taxistas, as escolas e o SNS? Existe pelo menos uma grande semelhança. Esses serviços, ao contrário daquilo que se possa imaginar não visam assegurar aquilo que a maior parte das pessoas pensa. A falta de concorrência nesses sectores não favorece os clientes. Favorece as corporações.

Quando se olha para a escola pública ou as unidades públicas de saúde e a sua distribuição ao longo do país, percebemos que a maior parte dos cidadãos recorre aos serviços públicos em detrimento do privado. Isto acontece por questões económicas, de resistência à mudança e por falta de recursos privados em muitas zonas.

Mas o problema não reside aqui. O problema reside no facto de que tanto nas escolas públicas como nas unidades de saúde públicas, os trabalhadores terem a garantia de obterem clientes independentemente da qualidade de serviço. Logo que existam pessoas na área deográfica adequada o que está, à partida garantido, têm garantia de ter os seus clientes. Para quê então, trabalhar melhor ou mais depressa?

A manifestação dos taxistas e uma certa revolta pelo comportamento que estes apresentaram no último dia de marcha lenta foram patentes. Esperemos que agora as pessoas se indignem contra o sistema público de saúde e educação que promovem monopólios geográficos (monopólios diferentes dos taxistas, mas monopólios) e favorecem a falta de qualidade desses serviços. Enquanto não puder existir uma verdadeira concorrência entre públicos e privados, resta promover a concorrência entre serviços públicos para garantir que o cliente é o elo mais importante desses serviços.

Liberalizar-se a escolha da escola e das unidades de saúde ao qual o cliente pretende recorrer é o desejável para garantir a qualidade dos respetivos serviços. Para quem defende o contrário, digo-lhe para ir fazer as suas compras no supermercado da sua zona de residência e não ao que ele mais gosta. Compre o carro no stand da sua zona de residência. Nem pense em comprar o carro que quer noutra zona de residência. Compra aquela marca e pronto. Afinal está na sua zona de residência como o hospital ou a escola.

quinta-feira, 6 de outubro de 2016

Resistência nos juros a 10 anos

E assim vão os juros a 10 anos


Se partir acima dos 3.50% deverá chegar aos 4% sem dificuldade. Ainda bem que o BCE está no mercado. No caso deste se lembrar de sair, os juros explodem e o país fica novamente à deriva...

domingo, 18 de setembro de 2016

Portugal e as contas públicas...

Uma análise rápida aos últimos dez anos do ponto de vista das contas públicas mostra a desgraça na gestão das contas nacionais.

Comecemos por olhar para a evolução do PIB de 2005 a 2015


O PIB cresceu nesse período cerca de 20 mil milhões.

Durante esse mesmo período os défices acumulados foram de cerca de 115 mil milhões como mostra o quadro seguinte


A divida pública aumentou mais um pouco que o défice público, ou seja, cerca de 130 mil milhões


Entretanto, os políticos portugueses e os media falam com orgulho de um défice inferior a 3% do PIB. Nunca se falou de orçamentos que visam obter excedentes públicos. Nunca se viu o problema em profundidade. Estes números mostram o quanto são irresponsáveis os governantes e o quanto a população se desinteressa da economia tornando-se conivente com a situação. Portugal caminha alegremente para a próxima crise...

terça-feira, 6 de setembro de 2016

Dívida? Quem vier a seguir que pague!

Fala-se muito no défice e muito pouco na dívida. O défice é importante por questões de cumprimento de normas de política europeia. Se olharmos só para esse valor em percentagem do PIB corremos o risco de ser facilmente enganados. Excluem-se um conjunto de operações para embelezar os números.

Olhemos para o seguinte gráfico


Não há dúvida sobre a tendência da dívida em vigor. Estável e a subir. Mesmo partindo do pressuposto que o Estado não queira pagar a dívida mas pague só os juros da mesma, a tendência é preocupante. Quando a intervenção do BCE deixar de existir, a ressaca vai ser brutal. Uma parte importante do PIB será para pagar juros.


Olhemos agora para este quadro:


Num ano, a dívida portuguesa cresceu mais de 12 mil milhões. Mesmo a pagar só os juros, estamos a acelerar contra um muro. É o resultado de défices ano após ano. Estamos a hipotecar o nosso futuro e continuamos como se nada fosse. O lema é quem vier a seguir que feche a porta.

domingo, 21 de agosto de 2016

Portugal, o país das não medalhas

A poucas horas de terminarem os jogos olimpicos, pode diuer-se que Portugal teve uma participação discreta nos jogos olimpicos 2016. Isto é o reflexo da falta de cultura de prática desportiva e de uma falta de organização  e estrutaras de apoio aos atletas.

Quando comparamos Portugal com países da mesma dimensão e com capacidades similares, Portugal está muito aquém. Para citar alguns, Holanda - 18 medalhas, Hungria - 15 medalhas, Croácia - 10 medalhas, Grécia 6, Portugal uma medalha.

Como noutras áreas, sem um profundo investimento e reflexão sobre as coisas não se conseguem alcançar resultados. Os atletas fazem o que podem mas sem condições idênticas nunca poderão estar nos pódios a competir de igual para igual.

E na economia, na política, na qualidade dos media também há poucos medalhados e quando eles existem eles vão para fora. O povo português tem, em grande parte, culpa do que se passa, pois tudo é motivo de festa e os problemas dos outros não são os meus. A falta de capacidade crítica em relação a coisas do dia a dia é constrangedora e sem a pressão do povo nada mudará. Os políticos e os media continuarão a enganar alegremente a malta e o pessoal a assobiar para o lado e a empurrar os problemas com a barriga. Aliás, penso escrever algo sobre o comportamento dos media em Portugal nos próximos tempos.

sexta-feira, 5 de agosto de 2016

O consumidor em Portugal

O perfil do consumidor em Portugal parece ter-se modificado nos últimos anos. Para o efeito, tenho algumas dificuldades em perceber a razão deste consumo que parece exagerado quando comparado com a poupança das famílias.

Vejamos alguns gráficos dos últimos 10 anos. Antes de mais olhemos para a evolução dos gastos dos consumidores nos últimos anos.


Verificamos que entre 2006 e 2011, o consumo parece estável com uma ligeira tendência de subida. A partir de 2011 e até 2013, o consumo cai abruptamente associado à recessão e recupera de modo interessante e continuo até ao momento presente. Até agora, nada parece estranho.

Olhemos agora para a evoluçâo do crédito ao consumidor. Este atingiu um pico em 2011 e desde então tem vindo a decrescer.


Percebemos que a partir de 2011, o crédito ao consumidor continua a descer mesmo quando se dá o aumento do consumo em 2013. A parte boa é que o consumo voltou a subir sem, no entanto, aumentar o crédito.

Até agora não encontro grandes problemas no que está descrito. Mas, há sempre uma mas...

A poupança das familias não pára de cair desde 2014 e está em niveis baixissimos. Os últimos dados mostram-nos que é poupado apenas 3,5% do rendimento. A poupança nunca foi tão baixa desde que há dados.


O consumo tem pouca margem de progressão em Portugal e, portanto, a estratégia política adoptada de basear o crescimento da economia no aumento do consumo não parece ser boa. A única maneira do consumo aumentar parece ser o de aumentar o endividamento das famílias porque já não existe praticamente poupança. Esta parece ter fugido em boa parte para consumir, pelo menos nos últimos 2 a 3 anos.

Não deixa de ser extremamente preocupante este nível baixissimo de poupança que nunca tinha atingido estes valores.

Ainda assim, é de realçar que a divida das familias em percentagem do PIB tem estado a baixar de forma significativa desde o fim de 2013. Ainda que estes valores estejam indexados ao PIB, a tendência é bastante forte. Afinal, nem tudo são más noticias...



quarta-feira, 22 de junho de 2016

Os otimistas dizem que o BCP não pode cair mais do que 2 cêntimos...

Enquanto muitos tentam aproveitar os dias de sol e ir à praia, outros preferem ver os jogos de futebol do euro. Enquanto isso, o BCP continua o seu caminho lento e agónico para a decadência. A queda do BCP é estrondosa. Os media falam de dias de queda de 5 a 10% como se fosse uma normalidade. Parece que já se habituaram e essa anormalidade virou normal.

Comecemos por olhar para o gráfico semanal que se segue



Os minimos de 2012 foram recentemente ultrapassados. Aliás, muito recentemente. Tão recentemente que foi há menos de um mês. O BCP confirma assim que a queda ainda está para durar mesmo se alguns ressaltos importantes podem e devem acontecer. Em apenas 3 semanas, o BCP caiu um pouco mais de 30%. Não se vê da parte dos media, do governo ou de outras entidades públicas qualquer referência à situação. Normalmente diz-se que depois da tempestade vem a bonança. Neste caso acho que a bonança chegou antes da tempestade e a tempestade ameaça ser grande.

Olhemos agora para o gráfico diário


A vermelho está sinalizado o suporte dos mínimos de 2012 que foi quebrado de forma clara. O título confirma a tendência descendente neste horizonte temporal como no gráfico semanal e continua sob pressão enquanto não quebrar em alta a linha de tendência descendente. Mas uma quebra em alta dessa linha de tendência descendente não significará automaticamente uma inversão da tendência. Serão necessários outros sinais.

Por enquanto, o RSI está sobrevendido mas ainda não mostra sinais evidentes de divergência com o preço. A tendência descendente é, por isso, sã.

Comparemos agora a evolução do BCP no último ano quando comparada com a do indice português.



A azul está o BCP e a castanho o indice português. O BCP caiu muito mais do que o indice português o que mostra bem o estado atual do banco. Algo de muito grave se passou no banco. Algo de muito grave se passa no banco.

Como já referi noutro artigo, o BCP não escapará a uma das situações seguintes:

1) Falência encapotada por ajudas estatais ou de organismos internacionais. Ficamos à mercê de uma decisão política. .

2) Fusão ou aquisição com outra entidade a preço de saldo, pois ninguém quer o BCP como um todo. Essa fusão implicaria provavelmente uma sepração de ativos do resto do lixo que o BCP tem e que deve ser mais que muito.

Em qualquer dos casos, o BCP não poderá cair mais do que 2 cêntimos a menos que sejam utilizados certos artifícios legais como um reverse stock split.


O BCP vai mal. A banca em Portugal não vai nada bem e o país vai ressentir-se disso. Mas enquanto houver bom tempo, futebol, seleção e Cristiano Ronaldo tudo vai bem no campo. A fatura está a ser impressa. Falta saber qual é a data de pagamento e qual vai ser o seu valor.

segunda-feira, 6 de junho de 2016

A performance do PSI

Fica aqui a performance do PSI 20 comparada com o DAX nos últimos 5 anos. A azul está o mercado alemão que subiu quase tanto como desceu o mercado português nesse mesmo período...



quinta-feira, 26 de maio de 2016

Os riscos da NIRP...

NIRP - Negative Interest Rate Policy parece ter chegado para ficar. É uma experiência cujos resultados todos ignoram. Essa política utilizada pelos bancos centrais para dinamizar a economia comporta sérios riscos. Desde logo, muda a percepção de que ganhar dinheiro pressupõe algo em troca na medida em que as taxas de juro são muito atrativas.

O crescimento económico não é assim tão estrondoso como se poderia esperar e nem a inflação descola. Basta pensar que se a economia não cresce assim tanto mesmo com as decisões dos bancos centrais, então quanto cresceria num mercado livre e normal?

Quanto aos aforradores que pretendem investir o seu dinheiro, as coisas não estão propicias. Correm-se riscos para pouca rentabilidade e quando o mercado regressar à normalidade, será a hora de pagar pelo prémio de risco assumido. Por outro lado, o ambiente é propicio a bolhas. Os fundos sentem necessidade de alocar o seu dinheiro nalguma coisa. As obrigações sem risco dão prejuízo e as que têm risco dão baixos retornos. O mercado accionista lateraliza (nos USA). O mercado imobiliário não está extraordinário. Enfim...

Estranho mundo este que se encontra em transformação. Mais do que nunca, teremos de aprender a viver com taxas de juro baixas, crescimentos anémicos, um desemprego relativamente alto e com um sistema de segurança social à beira da falência. Alguns países poderão aproveitar para se reformarem e outros para gastarem mais do que podem. Deixo-vos adivinhar que lado escolheu Portugal...

terça-feira, 29 de março de 2016

Reverse stock split no BCP...

Super, wow, magnifico... un reverse stock split proposto para o BCP. O resultado disto é mais ou menos idêntico a multiplicar o valor da acção que é de aproximadamente 0,04 cêntimos (ou seja, nada) por 193 (neste caso).

Alguém me pode explicar qual o interesse de multiplicar um coisa que pouco vale por 193? É que continua a valer pouco mais de nada.

Há muito que digo que só há 3 soluções para o BCP:

1) Fusão com alguém que tire o BCP do vale da morte

2) É lançada uma OPA que é aceite

3) Falência do BCP após meses de agonia, encapotada por uma qualquer medida do governo ou das instituições europeias.

É melhor fugir desta acção porque o risco de queimar as asas é grande...



terça-feira, 8 de março de 2016

O défice público, outra vez...

Não percebo esta ideia que os políticos portugueses têm de achar que todos os protugueses são estúpidos. Diz o PS que pela quarta vez consecutiva o PSD falhou a meta do défice. Fui ver quantas vezes Portugal registou um défice inferior a 3% do PIB. Desde 1995, NUNCA!





Isto não tem a ver com PS ou PSD. Isto está relacionado com incompetência e irresponsabilidade política e um grave problema de cidadania. Vejo muito pouca gente indignar-se com estes exageros. Um dia, alguém pagará estes excessos.

Mais uma vez, agradeço à Pordata pelo excelente trabalho na recolha de dados. Nunca é demais agradecer a alguém quando se faz um bom trabalho.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

SPX em zona decisiva para as próximas semanas

O SPX aproxima-se da zona de resistência nos 1930/1960 pontos junto à MM de 50 dias. A quebra em alta desta zona daria sinal de que a queda do mercado por agora ficaria por aqui dando origem à activação de um duplo fundo.

Penso que a probabilidade maior é a de continuação de quedas (a favor da tendência) e não a activação do duplo fundo, mas tudo é possível. Fica aqui o gráfico diário




De referir que, por enquanto, não tenho pressa de me posicionar no mercado. Prefiro esperar para ver como é feita esta aproximação à resistência no SPX e ir acompanhando o VIX.




Se este quebrar o suporte a 20 pontos, fica activado um duplo topo e a probabilidade do SPX subir parecerá então confirmada. Os próximos dias serão decisivos para avaliar se os mercados vão cair ou subir nas próximas semanas.

domingo, 14 de fevereiro de 2016

DAX - Descendente no gráfico semanal

O DAX tem vindo a cair de forma mais ou menos controlada desde o início do ano. No médio prazo, o potencial de queda é ainda substancial. Pelas caracteristicas desta queda que parece ser consolidada, inclino-me para que tenha começado um mercado descendente.

O gráfico semanal mostra que esta queda é sustentada ao contrário da correcçâo que existiu em 2011. Nessa altura, a queda tinha sido abrupta e quando o mercado devia confirmar que a queda tinha vindo para ficar, o DAX tinha invalidado esse caminho (no início de 2012) dando sinal que a queda poderia ter terminado ali.




Agora, vejo mais semelhanças com a tendência descendente de 2008. Esta também tinha começado no início do ano. Como nessa altura, o DAX faz mínimos e máximos cada vez mais baixos (ao contrário de 2008) e a queda ainda parece controlada com um aumento da volatilidade mas sem apresentar ainda medo ou pânico. O RSI ainda não mostra divergências positivas e está bem orientado para baixo e abaixo da zona de neutralidade. Em suma, a tendência descendente ainda parece saudável sem sinais técnicos contraditórios.


No gráfico diário, o DAX confirmou a tendência descendente ao quebrar o suporte a 9380 pontos. Provavelmente, irá subir agora um pouco corrigindo um pouco esta tendência de baixa. O RSI nâo apresenta divergências estando bem orientado para que o mercado continue a cair. No entanto, apresenta-se sobrevendido pelo que uma venda será oportuna apenas quando o RSI se aproximar da zona de neutralidade ou quando o indice se aproximar de uma resistência importante.




Em mercados descendentes, o que interessa mais são as resistências para entrar a favor da tendência e porque permitem identificar mudanças de tendência. Os suportes servem apenas para orientar fechos parciais ou integrais de posições vendedoras. As resistências importantes no gráfico diário situam-se a 9380 e a 9900 pontos.

Convém também ir olhando para os indices de volatilidade. Por enquanto, existe volatilidade mas não há pânico o que suporta a ideia de uma queda do mercado. Para quem quer comprar acções, ainda parece cedo dado que não existem sinais percursores de mudança de tendência. Esperemos calmamente que esses sinais apareçam para comprar o mercado.



segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

Mercados em zona de alto risco

Os mercados europeus estão mais frágeis que os mercados nos USA. O DAX parece querer quebrar em baixa o suporte na zona dos 9270/9300 pontos. É preciso esperar pelo fecho da sessão para confirmar essa quebra. Nem vale a pena olhar para outros suportes se essa quebra ocorrer dado que considero que um fecho semanal claramente abaixo desta zona será o início de uma tendência descendente de longo prazo.

Convém apenas olhar para o que os mercados americanos fazem porque estes também deverão quebrar os seus suportes semanais para validar essa mudança de tendência de longo prazo. O meu cenário descrito aqui continua válido. Olho, portanto, para o suporte no SPX a 1800 pontos.

O VIX demonstra já algum aumento de volatilidade sem se verificar ainda um medo significativo no mercado. Por enquanto, trata-se de uma queda controlada. Enquanto o VIX se mantiver acima do suporte nos 20 pontos, a tendência de queda dos mercados continua.




A tendência do VIX é ascendente no gráfico diário (RSI acima da zona de neutralidade e máximos e mínimos cada vez mais altos) o que confirma a minha ideia de queda generalizada dos mercados. Afinal, a economia mundial não deve estar assim tão bem...

terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Dados do emprego em Portugal

É curioso notar a forma como se olha para o flagelo do desemprego em Portugal. Normalmente, as noticias referem-se a um aumento ou diminuição do desemprego e raramente se referem ao emprego. Para analisar os dados, é importante olhar para ambos e ver a sua evolução.





Este é um gráfico retirado do INE e mostra que a economia portuguesa não consegue criar novos empregos há 3 trimestres. O desemprego e o emprego permanecem mais ou menos estáveis segundo os números oficiais. Não há, portanto, razôes para se falar em diminuições de desemprego fazendo disso grandes notícias quando saem dados divulgados pelo INE.

Aborrecem-me sempre estas situaçôes em que se lançam foguetes para nada. O desemprego e o emprego praticamente não mexem desde Junho de 2015. Esta é a realidade que mostra o gráfico. O resto é conversa para enganar tolos...



segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Existem sinais percursores de queda generalizada dos mercados

Quando olho para a economia de uma forma geral e para o mercado acionista global, não posso deixar de estar relativamente pessimista no médio e longo prazo. Existem claramente  sinais do ponto de vista técnico preocupantes que carecem, contudo, de confirmação.

Para que o artigo não seja demasiado longo vou à questão essencial e olhar para o mercado americano,o S&P 500.

Em termos técnicos, no gráfico semanal constato algumas semelhanças com as quedas dos mercados em 2001 e 2008. Os sinais são agora muito idênticos necessitando apenas de confirmação. Nos 2 casos anteriores (2001 e 2008) constata-se que a MM de 20 períodos estava descendente, O RSI abaixo da zona de neutralidade (< 50) e enquanto este se manteve abaixo das linhas de tendència descendentes, o mercado manteve-se sob forte pressão.  No entanto, a confirmação técnica da descida foi sempre com a quebra de suportes importantes. O suporte importante neste momento são os 1800 pontos no SPX. Se confirma a quebra deste suporte, o mercado deverá cair pelo menos até aos 1500 pontos. Disse, pelo menos...

Olhemos então para este gráfico para compreender o que aconteceu antes e o que pode voltar a repetir-se






A quebra em alta das linhas de tendência descendentes no RSI (nas quedas anteriores) sinalizavam a possibilidade de se ter atingido um fundo de longo prazo. Era o sinal que mostrava uma mudança na tendência e de que o fundo estava próximo devendo começar a preparar-se uma subida generalizada do mercado. Agora, é exatamente o inverso, o investidor deve preparar-se para uma queda do mercado. Este sinaliza com a sua MM de 20 períodos e um RSI abaixo da zona de neutralidade que o mercado está a virar. A confirmação surgirá com a quebra dos 1800 pontos. É o derradeiro sinal.


No gráfico diário, constata-se que o S&P 500 negoceia num range entre os 1800 pontos e os 2130 pontos. Os indicadores técnicos não permitem tirar deste gráfico qualquer tipo de conclusão. As zonas chave neste gráfico são a base do range a 1800 pontos, o mid do range nos 2000 pontos e o topo do range a 2130 pontos.




Para fazer simples, considero que abaixo dos 2000 pontos a tendència do range é favorável para posiçôes curtas e acima dos 2000 pontos favorável para posições longas. Uma ida abaixo dos 1800 pontos sinaliza uma queda dos mercados. Uma quebra em alta dos 2130 pontos confirma uma subida dos mercados.

Também neste gráfico se contata que os 1800 pontos são a zona que mantém o mercado mais ou menos estável. Constata-se, no entanto, que as correções são cada vez mais frequentes, de maior amplitude e abruptas sinalizando aversão ao risco nesses momentos.

Para resumir, a confirmação de uma queda generalizada dos mercados surigirá se e só se se verificar uma quebra confirmada dos 1800 pontos no gráfico semanal. Essa quebra poderá ocorrer na próxima semana (coisa da qual duvido muito) ou no decorrer dos proximos meses. Não há pressa de vender o mercado. Acima dos 2000 pontos, abandono temporariamente a minha ideia de queda dos mercados. Abandonarei definitivamente a ideia de que o mercado vai cair se e só se o RSI estiver acima da zona de neutralidade no gráfico semanal ou se quebrar em alta a linha de tendência descendente no RSI que desenhei nesse gráfico.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Análise ao PSI

O nosso mercado sofre e sofre e sofre... Esta é a realidade e representa o país de uma forma antecipada. Quer isto dizer que o país deverá crescer menos do que tem crescido nestes últimos trimestres. Mas esqueçamos um pouco isso e olhemos para o que nos mostram os gráficos.

Do ponto de vista técnico, constatamos no gráfico semanal uma tendência claramente descendente.




Assinalei com setas vermelhas os grandes movimentos neste horizonte temporal. Só acima dos 8000 pontos considero que, no gráfico semanal, estejamos em tendência ascendente embora possam existir zonas intermédias ascendentes (como foi o caso assinalado por um quadrado, ou seja, fase ascendente no semanal mas com uma tendência de fundo descendente nesse mesmo horizonte temporal).
Neste momento, a tendência de fundo no gráfico semanal é descendente e a tendência intermédia nesse horizonte temporal é também descendente. Isto dá-nos uma perspetiva de longo prazo.

Mas no gráfico semanal, os sinais são bastante tardios. Um pouco mais rápidos no gráfico diário. E diria que é aqui que as coisas são bastante preocupantes. As tendências de fundo neste TF estão assinaladas com setas vermelhas e verdes consoante elas sejam, respetivamente, descendentes ou ascendentes.




A tendência de fundo descendente foi confirmada pela última vez em novembro de 2015. Portanto, só acima desse nível (os 5600 pontos), a tendência de fundo no gráfico diário muda.
A fase intermédia neste TF é também descendente e foi confirmada na sexta passada com um novo minimo relativo. Essa última fase intermédia está assinalada a quadrado e é caracterizada como quase sempre com o RSI abaixo da zona de neutralidade (<50 cada="" com="" descendentes="" e="" fases="" inferiores="" m="" nimos="" p="" para="" relativos="" vez="" ximos="">
Agora que definimos uma tendência, a questão que se coloca é o que fazer? Bom, eu não faria nada. Primeiro, porque não compro ou vendo nada há anos em Portugal. Mercado pequeno e, portanto, pouco líquido, mais facilmente manipulável.

E segundo, mesmo que investisse, não seria um bom momento porque acabámos de fazer um novo mínimo relativo. Comprar é ir contra a corrente. E vender, o mercado parece esticado. O melhor seria esperar por um ressalto (até aos 5000/5200 pontos)  para vender com um objetivo até aos 4600 pontos.

Cada um sabe de si, mas para quem quer comprar acções, mais vale fugir do mercado português. Há outros mercados muito mais interessantes com um potencial/risco muito mais favorável. O PSI está fraco sinalizando que o país também está em maus lençóis...


domingo, 10 de janeiro de 2016

Porque estou pessimista em relação a portugal...

Quando olho para vários indicadores sobre a sociedade e a economia em Portugal não deixo de estar estupefacto. A economia frágil, o envelhecimento da população e as contas públicas desastrosas não permitem aos portugueses sonhar com dias melhores nos próximos anos. E é dificil acreditar numa viragem nos próximos anos quando estes problemas estruturais existem em muitos casos há 30 ou 40 anos.

Desde já e antes de passar a analisar alguns dados, os meus agradecimentos à Pordata pelos dados disponibilizados no seu Portal. Claramente, um serviço da qualidade que ainda tem margem de progressão.


1) LITERACIA FINANCEIRA

Uma das razões pelas quais Portugal se encontra na situação económica que irei descrever de seguida prende-se com o nível de literacia financeira que é extraordinariamente baixo. Um estudo relativamente recente coloca Portugal num nível de literacia financeira idêntico ao do Rwanda, Nigéria e Paquistão. 26 é o nível obtido por Portugal neste estudo o que significa que só 1 em cada 4 portugueses tem noções básicas sobre inflacão, taxas de juro, etc. Espanha atinge 49 pontos para se ter uma ideia e comparar com um vizinho. Quando comparamos com o resto do mundo, este resultado chega a ser vergonhoso e inexplicável.

Compreendemos assim porque é tão fácil enganar o povo com medidas politicas desprovidas de sensatez ou lógica e que invariavelmente serão insustentáveis a prazo, mas que colhem simpatia junto das pessoas porque são agradáveis. Como se pode ver no gráfico seguinte retirado do mesmo estudo, o nível de literacia financeira em Porugal é dos mais baixos da Europa.



Não é de estranhar, portanto, que quando se fala de economia em Portugal, facilmente se possa manipular a opinião pública dado o fraco nível de entendimento na matéria da maior parte das pessoas.


2) O PIB

Portugal tem apresentado uma evolução ao nível do PIB interessante, mas o futuro não será necessariamente como foi o passado. Portugal apresentou uma evolução mais ou menos linear do PIB de 1975 até 2007 altura em que estabilizou como se vê neste gráfico





Este crescimento de 1975 a 2007 deveu-se a 3 razões fundamentais. O primeiro fator foi a saída de um regime totalitário e a liberalização da economia que permitiram um crescimento exponencial. Um segundo fator foi a acessibilidade aos fundos europeus que permitiram ao país atingir um nível de desenvolvimento que não seriam atingidos de outra forma. Finalmente, o desenvolvimento do crédito beneficiou a economia portuguesa assim como toda a economia mundial.

A questão que se coloca agora é a de saber qual será o crescimento para os próximos anos. É impossível ter certezas, mas é dificil acreditar que voltaremos a crescer nos próximos 10 a 20 anos como crescemos nas décadas de 80 e 90. O que gerou crescimento mundial nessas décadas foi a dívida ou a acessibilidade à liquidez que induziu um crescimento exponencial. Não foi o único fator, mas foi um fator decisivo. Com o rebentar da crise do subprime e de seguida a crise das dívidas públicas no mundo ocidental, as regras de concessão de crédito mudaram na cabeça dos investidores. É de esperar um crescimento relativamente anémico a nível mundial e isso afetará a economia portuguesa.


3) O défice público

Há vida para além do défice, mas analisar as perspetivas para os próximos anos pressupõe uma análise a este item. Quanto gasta o estado e quanto recebe o estado e qual o saldo final ao fim do ano? Esta é a questão a que pretende responder o défice. Já agora, porque é que se fala sempre de défice em Portugal e nunca se fala do seu opositor, o "excedente público"? É simples responder a essa questão. Portugal nunca teve excedente público nos últimos 20 anos. Nunca! Uma imagen vale mais do que mil palavras. Aqui fica a imagem a reter




Significa que a gestâo pública gasta todos os anos mais do que arrecada e endivida-se para fazer face a este desequilíbrio. Governos PS ou governos PSD pouco importa, o resultado não parece ser diferente e com um governo mais à esquerda (falo numa alternativa CDU ou BE no poder) e tendo em conta o que eles defenderiam não seria de esperar um resultado diferente. Mais ou menos inclinada, a curva estaria sempre abaixo do nivel zero ano após ano. O problema não está no défice em si, mas no facto de este estar presente há mais de 20 anos sem nunhum momento de equilibrio.


4) A dívida pública

Apesar do défice público, existe, no entanto, um pequeno sinal positivo. A dívida pública estabilizou-se a partir de 2012 apesar de continuar demasiado elevada como mostra o gráfico seguinte




Como se pode ver apesar de tudo a dívida pública permaneceu estável até 2007 altura em que disparou estabilizando-se em 2012. Para aqueles que criticam a vinda da Troika,e os efeitos desta na economia, vê-se que, no que diz respeito à divida pública, o saldo foi claramento positivo porque mesmo com défices públicos importantes nesses anos, a dívida pública pouco cresceu (praticamente estável entre 2012 e 2014) numa economia que ainda por cima estava em recessão. O problema da dívida já existia antes da Troika e uma das razões pelas quais ela foi chamada foi exatamente uma dívida publica elevada.


5) O mercado de trabalho

O mercado de trabalho permite dar uma ideia da competividade da economia e das empresas. Sobre este aspeto, estou relativamente pessimista. Vários indicadores me levam a pensar que Portugal está a perder competitividade ou, na melhor das hipóteses, perder uma oportunidade de se tornar mais competitivo. E, mais competitivo significa vender mais aos outros e crescer. Em suma, criar riqueza para podermos viver melhor.

Comecemos por falar numa coisa que cria grande emoção mas, a maior parte das vezes, debates estéreis de conteúdo. Falo no salário mínimo. O salário mínimo em Portugal é alto ou baixo? Muitos se apressarão a dizer que é baixo. Outros dirão que é alto. Comecemos por olhar para o seguinte gráfico que mostra a evolução percentual do salário mínimo em valores anuais




Verifica-se que o salario mínimo nacional evoluiu bastante até ao início da década de 90 o que era normal. Portugal estava em plena expansâo e apresentava um potencial de desenvolvimento elevado com a liberalização da economia, os fundos europeus, etc. De 1994 a 2010, o crescimento do salário minimo andou entre os 4 e os 6% ao ano. Depois disso, tem sido mais variável.

Bom, mas então? O salário mínimo é alto ou baixo? Subiu muito mas ainda tem margem para subir mais? Uma pista para esta pergunta pode ser a da evolução do desemprego ou do número de inscritos nos centros de emprego. Como mostra a figura abaixo




a partir do ano 2000, embora com algumas variações constata-se um aumento do número de inscritos nos centros de emprego. Nesta altura, a economia já tem menos potencial de crescimento e o mercado de trabalho ressente-se. Olhemos agora para o número de trabalhadores que ganha o salário mínimo e a sua evolução ao longo do tempo




Até 2007, a percentagem de trabalhadores a receber o salário mínimo é estável e depois disso dispara brutalmente. 1 em cada 5 trabalhadores recebe hoje o salário mínimo, ou melhor, declara receber o salário mínimo.

Olhemos agora para as empresas e para o seu volume de negócios. Os dados disponíveis mostram a evolução a partir de 2004



Estamos sensivelmente a níveis de 2004 com um crescimento do volume de negócios até 2008 e a partir daí, um certo declínio e estabilização. Mas o que é notório é que o total do volume de negócios está pouco acima de 2004.

Então, o salário mínimo nacional é alto ou baixo? Eu respondo! O salário mínimo nacional é alto e baixo, simultaneamente. Depende com o que é que o comparamos. Uma coisa é alta ou baixa em relação a outra. Ela não é universalmente alta ou baixa. Uma pessoa que mede 1.70 metros pode ser baixa em relação à média europeia mas alta em relação à média na China ou na América do Sul.

Na verdade, ninguém sabe qual é o valor ideal de salário mínimo em Portugal assim como ninguém sabe qual é o valor do salário mínimo ótimo para outros países. O que se sabe é que numa economia que não cresce ou em que o desemprego sobe, é provável que um aumento do salário mínimo seja negativo para o mercado de trabalho. Pode ser bom para a economia a médio prazo, por aumento do consumo mas cada caso é um caso e tem de se avaliar qual o comportamento das pessoas face ao aumento potencial do rendimento.

Uma coisa parece, no entanto, certa. Um aumento do salário mínimo nacional neste momento com uma economia que cresce pouco, com uma inflação baixa e com uma taxa de desemprego elevada em relação ao início do século parece desproporcional. A economia mostra neste momento alguma estabilizaçâo após um período de recessão. Ainda não existem sinais que mostrem a possibilidade de Portugal poder fazer face a um aumento do salário mínimo nacional.


6) O envelhecimento demográfico e a segurança social 

O envelhecimento demográfico coloca muitos problemas nos países desenvolvidos. Portugal não é exceção. Vejamos quantas pessoas em idade ativa existem por idoso e qual a evolução no tempo




Neste gráfico, existe uma tendência clara. Cada vez há menos pessoas em idade ativa por idoso. Não espanta, portanto, que o número de pensionistas aumente relativamente ao número de pessoas em idade ativa



A despesa da segurança social continua, por isso, logicamente a aumentar como mostra este gráfico



Mas é a partir de 2007 que ela dispara agressivamente com o país a entrar em recessão. A boa noticia é que as receitas da segurança social em percentagem do PIB também acompanharam as despesas o que permite um certo equilíbrio




A má noticia é que uma parte sigificativa da riqueza criada vai para a segurança social e o equilibrio ainda não parece ter sido atingido. Esse dinheiro não é usado para criar mais riqueza e corresponde a um quarto do que é produzido em Portugal. O problema é que nem sequer há sinais de que o problema se esteja a resolver ou a estabilizar. Olhemos agora para a taxa de natalidade que não pára de baixar ha mais de 50 anos.



A continuar sem mudar nada, este sistema vai implodir. Não só em Portugal como noutros países desenvolvidos. Uma das potenciais maneiras de equilibrar o problema da segurança social seria indexar a idade da reforma à esperança média de vida. Mas isto significaria mais gente no mercado de trabalho e eventualmente mais desemprego jovem. Enfim, este problema deverá ser dos mais dificeis a resolver nas próximas décadas a menos que uma guerra mundial ou uma outra calamidade apareça.


7) A Intervenção do Estado na economia

Múltiplos são os problemas com que Portugal se vai deparar nos próximos anos. O crescimento a nível mundial pode facilitar ou dificultar o futuro assim como a irresponsabilidade dos agentes políticos e económicos. Portugal pode ter ainda margem para crescer com pequenas medidas que permitam liberalizar mais a economia. Só por esssa via, Porugal poderia crescer mais rapidamente se atrair investimento. O turismo, o mar, o clima são áreas com grande potencial. Haverá certamente outras. No entanto, a intervenção e a forte presença do Estado na economia são fatores que entravam o investimento, que trazem custos elevados ao contribuinte produzindo decisões arbitrárias como se viu recentemente nos casos BANIF e Novo Banco. No espaço de uma semana, 2 decisões com implicações diametralmente opostas para o contribuinte.

Sem estabilidade política, fiscal e social o país terá muitas dificuldades em desenvolver-se e essa estabilidade política não existe. Quando falo em estabilidade política nâo falo de governos estáveis que duram uma legislatura. Veja-se que no espaço de 1 mês, a quantidade de decisões tomadas pelo atual governo que anularam decisões tomadas pelo governo anterior. Não digo se são boas ou más nem falo da sustentabilidade económica dessas medidas. Falo na estabilidade. Quem quer investir em Portugal tem de o fazer a curto prazo enquanto durar um governo porque sabe que o próximo governo pode anular tudo. Isto não é ajudar a economia. Isto não ajuda as pessoas porque a prazo limita o investimento e a criação de riqueza. E sem riqueza ficamos todos mais pobres.


Trouxe para aqui um conjunto de dados estatísticos que permitem ter uma ideia da evolução sócio-económica de Portugal nos últimos anos. Cada um que tire as suas conclusões. Eu estou pessimista porque o mercado de trabalho parece perder competitividade como mostram a taxa de desemprego, o volume de negócios das empresas ou o número de pessoas que recebe o salário mínimo. A dívida pública será certamente um problema que tende a agravar-se à medida que continuamos ano após ano com défices. A renegociaçâo da dívida parece uma exigência de alguns setores políticos e económicos. Não vou aqui discutir a sustentabilidade ou não da dívida. Mas o que é certo é que uma renegociação da dívida estará sempre associada a medidas que tornem o pais sustentável do ponto de vista económico. E isto, pressupõe medidas similares às que foram tomadas pela Troika para se atingir um certo grau de equilibrio orçamental durante um certo tempo. Implica uma mudança política profunda assim como um conhecimento da realidade do país e dos seus problemas tanto por parte dos políticos como dos portugueses. Implica o equilíbrio entre o que queremos e o que podemos. Não basta dizer que Portugal vai crescer 3% ao ano para que isso aconteça. É preciso fazer para que isso aconteça e, por enquanto, nada foi feito nesse sentido.