domingo, 21 de agosto de 2016

Portugal, o país das não medalhas

A poucas horas de terminarem os jogos olimpicos, pode diuer-se que Portugal teve uma participação discreta nos jogos olimpicos 2016. Isto é o reflexo da falta de cultura de prática desportiva e de uma falta de organização  e estrutaras de apoio aos atletas.

Quando comparamos Portugal com países da mesma dimensão e com capacidades similares, Portugal está muito aquém. Para citar alguns, Holanda - 18 medalhas, Hungria - 15 medalhas, Croácia - 10 medalhas, Grécia 6, Portugal uma medalha.

Como noutras áreas, sem um profundo investimento e reflexão sobre as coisas não se conseguem alcançar resultados. Os atletas fazem o que podem mas sem condições idênticas nunca poderão estar nos pódios a competir de igual para igual.

E na economia, na política, na qualidade dos media também há poucos medalhados e quando eles existem eles vão para fora. O povo português tem, em grande parte, culpa do que se passa, pois tudo é motivo de festa e os problemas dos outros não são os meus. A falta de capacidade crítica em relação a coisas do dia a dia é constrangedora e sem a pressão do povo nada mudará. Os políticos e os media continuarão a enganar alegremente a malta e o pessoal a assobiar para o lado e a empurrar os problemas com a barriga. Aliás, penso escrever algo sobre o comportamento dos media em Portugal nos próximos tempos.

sexta-feira, 5 de agosto de 2016

O consumidor em Portugal

O perfil do consumidor em Portugal parece ter-se modificado nos últimos anos. Para o efeito, tenho algumas dificuldades em perceber a razão deste consumo que parece exagerado quando comparado com a poupança das famílias.

Vejamos alguns gráficos dos últimos 10 anos. Antes de mais olhemos para a evolução dos gastos dos consumidores nos últimos anos.


Verificamos que entre 2006 e 2011, o consumo parece estável com uma ligeira tendência de subida. A partir de 2011 e até 2013, o consumo cai abruptamente associado à recessão e recupera de modo interessante e continuo até ao momento presente. Até agora, nada parece estranho.

Olhemos agora para a evoluçâo do crédito ao consumidor. Este atingiu um pico em 2011 e desde então tem vindo a decrescer.


Percebemos que a partir de 2011, o crédito ao consumidor continua a descer mesmo quando se dá o aumento do consumo em 2013. A parte boa é que o consumo voltou a subir sem, no entanto, aumentar o crédito.

Até agora não encontro grandes problemas no que está descrito. Mas, há sempre uma mas...

A poupança das familias não pára de cair desde 2014 e está em niveis baixissimos. Os últimos dados mostram-nos que é poupado apenas 3,5% do rendimento. A poupança nunca foi tão baixa desde que há dados.


O consumo tem pouca margem de progressão em Portugal e, portanto, a estratégia política adoptada de basear o crescimento da economia no aumento do consumo não parece ser boa. A única maneira do consumo aumentar parece ser o de aumentar o endividamento das famílias porque já não existe praticamente poupança. Esta parece ter fugido em boa parte para consumir, pelo menos nos últimos 2 a 3 anos.

Não deixa de ser extremamente preocupante este nível baixissimo de poupança que nunca tinha atingido estes valores.

Ainda assim, é de realçar que a divida das familias em percentagem do PIB tem estado a baixar de forma significativa desde o fim de 2013. Ainda que estes valores estejam indexados ao PIB, a tendência é bastante forte. Afinal, nem tudo são más noticias...